Educandos investigam a queda dos índices de leitura no Brasil

Educação

02 de Maio de 2025
Educandos investigam a queda dos índices de leitura no Brasil

Em continuidade ao projeto “Despertar: O desafio da leitura no Brasil – Reflexões e ações para o presente e para o futuro”, desenvolvido pela 3ª série do Colégio Sagrado Coração de Jesus, Unidade Educacional do SAGRADO – Rede de Educação localizada em Garibaldi/RS, os educandos avançam para uma etapa de maior aprofundamento crítico: a investigação de dados sobre a problemática da queda dos índices de leitura no Brasil. Dessa forma, os educandos assumem o papel de pesquisadores e autores, refletindo com base em dados reais sobre os desafios da leitura no país.

Essa fase do projeto tem como objetivo central fomentar a leitura crítica de dados estatísticos, relatórios e estudos nacionais, como os divulgados pela biblioteca eletrônica SciELO e pelo IBGE. A partir dessa análise, os educandos desenvolvem dissertações argumentativas, nas quais problematizam a realidade nacional e propõem estratégias para reverter esse cenário preocupante.

A atividade contribui significativamente para a formação do pensamento crítico e da competência argumentativa dos educandos, alinhando leitura, pesquisa e produção escrita em um mesmo eixo formativo.

Dentre as produções, destaca-se o trabalho da educanda Maria Antônia Castilla, cuja dissertação evidenciou o impacto das desigualdades sociais e da ausência de políticas públicas consistentes como fatores determinantes para o desinteresse pela leitura entre os jovens brasileiros, além de apresentar soluções voltadas ao incentivo nas escolas e ao acesso ampliado a bibliotecas.

Com essa abordagem investigativa, o projeto reafirma seu compromisso com uma educação voltada à reflexão, à criticidade e à formação de cidadãos leitores e conscientes, que compreendem os desafios de seu tempo e se colocam como agentes de transformação.

Produção da educanda:


De acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada no ano de 2024, a média de leitura anual do brasileiro é de apenas 1,7 livro. Esse índice não só evidencia uma precariedade literária no país, como também revela um cenário educacional extremamente alarmante. Nesse sentido, é possível observar desafios significativos diante da adesão dos cidadãos à leitura na contemporaneidade, seja pela ausência de uma cultura leitora consolidada, seja pela falta de acesso a bibliotecas públicas.

De início, cabe analisar como a má formação da cultura literária brasileira agrava a problemática. Durante o Período Colonial, a leitura era restrita às elites, uma vez que a Coroa Portuguesa não incentivava a educação popular. Sob essa ótica, a habilidade e o hábito de ler foram considerados um “privilégio” por séculos, fato que impactou – e ainda impacta – a relação entre a sociedade nacional e a literatura. Logo, a população não é adequadamente estimulada a ler até a hodiernidade, perpetuando a desinformação e resultando nos baixos índices dessa prática no Brasil.

Ademais, a dificuldade de acesso a espaços públicos de leitura é outro fator que justifica o entrave. No filme “O Menino que Descobriu o Vento”, William Kamkwamba, habitante de uma comunidade no Malawi, enfrenta a escassez de recursos educacionais quando decide produzir eletricidade. No entanto, atinge seu objetivo ao encontrar um livro, transformando, também, a realidade de sua vila. Em contraposto, na realidade brasileira, muitos indivíduos não têm a mesma sorte que o protagonista, uma vez que áreas periféricas nem sempre contam com a presença de bibliotecas públicas. Assim, fica evidente como a baixa infraestrutura do Brasil limita o acesso a livros, interferindo nos índices de leitura atuais.

Urge, portanto, que medidas sejam tomadas a fim de aumentar a quantificação literária da população brasileira. Para isso, o Ministério da Cultura, em parceria com a Secretaria da Educação, deve criar um programa nacional de incentivo à leitura. Essa iniciativa será efetuada por meio de políticas públicas e incluirá a distribuição de livros nas escolas e centros comunitários, além da construção de bibliotecas públicas em regiões periféricas, visando possibilitar a leitura a todos os cidadãos. Dessa forma, o Brasil poderá, de fato, consolidar sua cultura leitora e reformar o cenário educacional.

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Matéria por Fabiana Fellini - Educadora